Trajetória

Xingó existe, teimosamente, há treze anos, como grupo de dança-teatro, na zona leste da cidade, produzindo e circulando arte, sistematizando metodologias do seu fazer, buscando outras relações de trabalho possíveis, mais horizontais, fortalecendo parcerias dentro da categoria e para além dela, em movimentos, fóruns e redes. Nosso processo foi construído por meio de uma poética que inclui o teatro à vida e que portanto se constrói nela. Seja por meio das tarefas aplicadas ao coletivo em relação à “casa-sede”, seja nas inúmeras participações estéticas em cenários sociais de luta, seja no encontro com o público, na festa, no debate intenso, na itinerância, incansável batalha pela práxis… Nossa dança-teatro ganhou corpo na vida em movimento, não no isolamento.                   

O trabalho, mescla do contemporâneo com o popular, no treino diário, no ofício/carpintaria dos corpos, abusa dos procedimentos da história oral para compreender uma história à contra-pêlo ligada às matrizes tradicionais e saberes da ancestralidade. Pesquisa de linguagem constante, num aprimoramento das técnicas, ampliação da percepção pelo treino da consciência, para, em movimento, dialetizar os conteúdos em espetáculos para rua e/ou espaços alternativos. Em 2016, verticalizamos o processo de formação do grupo, abrindo a casa-sede numa espécie de escola popular, onde experimentamos espaços de prática em: balé, contato improvisação, danças brasileiras e teatro de rua. O processo foi tão rico que explodiu as paredes de nossa sede numa parceria com o Teatro Arthur Azevedo, onde desenvolvemos projetos de aulas abertas no saguão, a Festa Xingó de Variedades e outros eventos e programações, nesse equipamento que é vizinho da nossa casa-sede.

Além dos espetáculos de repertório e dos cursos e treinamentos, o Grupo é responsável pela realização do Festival Curto Circuito, uma temporada anual itinerante em territórios de resistência como aldeias, quilombos e assentamentos do interior do estado. Também desenvolvemos um canal de youtube onde histórias de mulheres que consideramos fundamentais pela luta e pela vida, estão registradas em pequenos vídeos de até dez minutos. As nossas mulheres sapiens ou Heréticas. Temos na casa-sede uma cozinha e um ateliê, de onde produzimos alimentos e artesanatos que se tornam fundamentais para manutenção da economia da casa, da vida e do trabalho.

Em 2007 nasce a Cia. Com-fé-só, numa pesquisa focada no diálogo e fricção de linguagens (dança/circo /teatro/ música), na mescla do contemporâneo com o popular, no treino diário, no ofício/carpintaria dos corpos, buscando pelos processos da história oral, compreender uma história à contra-pêlo ligada às matrizes tradicionais e saberes da oralidade. Pesquisa de linguagem constante, num aprimoramento das técnicas, ampliação da percepção pelo treino da consciência, para, em movimento, dialetizar os conteúdos em espetáculos para rua e/ou espaços alternativos.

As cinco integrantes, mulheres, mantém ensaios-encontros onde dança-teatro, culinária e música são eixos práticos simultâneos. A manutenção da casa-sede-aldeia configura um modo de vida, onde o cuidado com a horta, a faxina e a produção-escritório, são funções compartilhadas. Na sede urbana e na sede rural, a horta-jardim dá flores, alimentos e medicinas. O grupo mantém uma biblioteca com mais de mil livros, revistas e filmes para estudo.

Em 2013 o Grupo muda o nome para Xingó, que é água que corre entre pedras, e que é uma região do rio São Francisco percorrida pelo movimento do cangaço nordestino, atual pesquisa da cia., que nos últimos anos tem verticalizado o estudo sobre mulheres brasileiras inseridas em processos de disputa contra o capitalismo.

Contempladas já com prêmios e projetos de estado e município, nas linguagens de dança e de teatro, o grupo sustenta atualmente três espaços de prática: balé, contato improvisação e danças brasileiras, dois espetáculos de repertório, além de oficinas curtas e imersões/orientações para grupos.